O resultado das urnas de 2014 sugere com clareza que, no Brasil, postulantes a cargos públicos têm que ter uma habilidade especial: a de mentir.
Ganha quem mente mais. Ou quem mente melhor.
A presidenta Dilma Rousseff mentiu bem. E mentiu muito.
Senão vejamos: ela prometeu apertar os cintos, mas sem jamais retroagir nas conquistas sociais. Uma promessa feita em campanha que ela voltou a recitar, “de pé e com fé”, para a claque que a aplaudiu do púlpito do Palácio do Planalto em primeiro de janeiro.
O noticiário deste primeiro mês do ano, porém, trataria de repor a verdade. Já nos primeiros dias do novo governo, direitos trabalhistas consagrados foram alterados, reduzindo o acesso dos brasileiros a benefícios históricos- entre os quais o seguro desemprego.
Outra lorota dita pela candidata que a presidente não cumpriu: a de que a crise internacional não aportaria em solo brasileiro. Nas peças de marketing do competentíssimo João Santana, a crise funcionaria como um limão para uma limonada brasileira.
O suco, porém, azedou.
A promessa de barateamento sistemático da energia elétrica foi substituída por aumentos que atingiram a casa dos 40 por cento. Os preços continuaram a subir, ultrapassando o teto da meta. E todas as contas básicas dos brasileiros sofreram reajuste.
As ações são tão antipáticas – e tão contraditórias em relação ao discurso da campanha – que um cidadão mais desavisado poderia supor (diante dos noticiários) que o vencedor das eleições foi Aécio Neves. Aliás, o atual ministro da Fazenda é mais tucano do que o decano Fernando Henrique Cardoso.
Para arrematar, ontem a equipe econômica – capitaneada pelo emplumado Levy – desembrulhou um verdadeiro pacote de maldades.
Aumentou a alíquota do IOF sobre o crédito, os importados e – pasmem – a gasolina. Enquanto no mundo inteiro o preço do barril do petróleo despenca, no Brasil os brasileiros pagarão ainda mais caro.
Até a casa própria, que a União vinha estimulando para reduzir déficit colossal, terá financiamento mais salgado.
Isso tudo em um dia em que o sistema de energia elétrica voltou a emitir sinais de fragilidade, provocando apagões em três regiões do País.
Dizem que a luz apagou por problemas técnicos em linhas de transmissão.
Acho que foi para esconder as faces rubras de vergonha daqueles que enganaram os brasileiros.
Não conseguiram. Os brasileiros estão enxergando, com clareza solar, a verdadeira face e o nível real de inverdades que engoliram – em pílulas de engodo – na eleição do ano passado.
Até quando eles vão mentir e tentar se esconder no breu do constrangimento?
O Brasil precisa estancar essa onda de lorotas. Um processo que só será possível quando a legislação brasileira determinar que as promessas nos guias eleitorais e debates sejam obrigatoriamente cumpridas, sob pena da perda do mandato conquistado com mentiras.
Isto sim seria um divisor de águas, nas quais sufocariam os que conquistam eleições na base de quem mente mais ou melhor.
Por Fabiano Gomes
Fonte: Blog do Gordinho
Créditos: Fabiano Gomes
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